Sabemos que todxs nós, militantes e ativistas das causas e dos direitos da nossa população LGBT, hoje reconhecidxs como sujeitos políticos, por meio da luta e da investida de diálogos com as instâncias governamentais, temos como um dos objetivos primordiais sermos reconhecidxs e respeitadxs, dentro da igualdade de ser e de estar envolvidxs diretamente com “política”.
Porém, considerando os muitos aspectos negativos marcados por uma Ditadura Militar perversa, cruel e dolorosa, existe um assunto pouco abordado, mesmo que não menos importante e ainda menos relevante: o impacto nas vidas de pessoas LGBT que eram perseguidxs por seu gênero e sua orientação sexual. Suas histórias de luta e resistência nos tocam e emocionam até os dias atuais.
Torturas, assassinatos, violações de direitos humanos foram marcas deixadas durante o período da ditadura brasileira. Segundo relatórios publicados por meio de um trabalho árduo de pesquisas e relatos, constatamos que existiam planos direcionados para nossa população LGBT, à época rechaçada e cruelmente violentada tanto psicológica quanto fisicamente.
Segundo a Comissão Nacional da Verdade, foi relatado que a ditadura tinha um ideal de corpo “são” para o povo, e com isso, fora estabelecido um plano de “higienização” da sociedade, uma verdadeira caça aos homossexuais, travestis, transexuais, todo e qualquer desviante sexo-gênero e “degenerados”.
Ainda segundo o relatório em questão, foi estabelecido formas de catalogar as travestis, captar e arquivar suas imagens para “averiguação”, com o principal foco de investigação do quanto “perigosas” elas poderiam ser, alegando como “abomináveis” suas práticas. Assim, foi estabelecida uma associação direta entre os desvios sexo-gênero à ideologia comunista, de modo que a prisão de homossexuais e travestis deveria ser feita de forma prioritária, como uma das formas de combate à perversão perpetrada por “comunistas”.
Com base nos argumentos supracitados, por meio deste, o Segmento LGBT Socialista do Partido Socialista Brasileiro(PSB) expõe sua total e irrestrita solidariedade às vítimas e nossa posição de pesar pelos atos cometidos que não cabem nenhum tipo de manifestação comemorativa do referido período ditatorial, para que nunca esqueçamos e não mais se repitam tais atrocidades bem como ataques a liberdades individuais e, ainda, para que pautemos cotidianamente uma sociedade democrática, de respeito aos direitos humanos em todas as suas dimensões.